Em 2025, a NFL continuará sendo dominada pelos quarterbacks nas disputas de prêmios individuais, com nomes como Lamar Jackson e Josh Allen como favoritos. Corredores e wide receivers seguem sendo outsiders, enquanto a luta pelo prêmio de defensor do ano permanece focada em pass rushers. As surpresas, como os calouros, também devem ser observadas de perto.
O velho clichê está mais vivo que nunca: a NFL demora, mas sempre volta. Tudo bem que a bola só voa pra valer em setembro, mas até lá vamos vivendo a expectativa, com o retorno dos times aos training camps, onde desfilam suas novidades. As narrativas começam a esquentar: quem são os favoritos ao Super Bowl LX, quem vence, quem é favorito, quem levará os prêmios tão almejados?
A supremacia dos quarterbacks deve seguir
Não há como negar que o prêmio de MVP se tornou uma corrida apenas para quarterbacks: desde 2012 nenhuma outra posição venceu o prêmio. Para se ter ideia da supremacia, mesmo batendo 2000 jardas corridas, Saquon Barklley não recebeu nenhum voto para vencer, se limitando aos votos de “pódio”.
Olhando para as odds em 2025, a tendência é que nada mude: nas principais casas de apostas que cobrem futebol americano, os 17 primeiros favoritos ao MVP são quarterbacks. Caleb Williams, que teve apenas uma temporada na liga, repleta de oscilações no Chicago Bears é mais candidato que Barkley: as odds para o jovem lançador são de 31.00, enquanto as do running back são de 51.00 para vencer o prêmio. Após Barkley, o primeiro não-QB é Justin Jefferson, pagando mais de 100.00 para levar a honraria.
Os favoritos? O “quadrado mágico” dos quarterbacks. Encabeçando, o sempre já bicampeão Lamar Jackson desponta: sua capacidade de fazer jogadas eletrizantes como passador, mas também correndo, é sempre fator. Logo atrás dele está o atual vencedor Josh Allen, que em 2024 corrigiu um grande problema de seu jogo: pela primeira vez desde 2020 ele teve menos de 10 interceptações, o que ajudou a angariar votos e bater Jackson.
Joe Burrow liderou a liga em touchdowns passados na temporada passada com 43 e aparece logo atrás dos dois primeiros: com as renovações de seus recebedores Ja’Marr Chase e Tee Higgins, ele espera manter o grande volume e buscar seu primeiro prêmio. Completa a lista Patrick Mahomes, que tal qual Lamar, já levou o troféu para casa duas vezes: odds de 8.50 para o melhor jogador da sua era é algo até certo ponto incomum, em especial levando em conta que ele sempre figurou na ponta em anos anteriores.
Um ponto que chama a atenção é que Jayden Daniels e Justin Herbert estão a frente de Jalen Hurts, atual MVP do Super Bowl: enquanto Daniels terá que provar que pode lidar com a famosa crise do segundo ano, Herbert lida com um grupo de recebedores abaixo do ideal para quem pensa em conseguir o troféu. Hurts é um quarterback que produz como passador, tem poucos turnovers, além de ter mais de 600 jardas e 10 touchdowns pelo chão em todos seus anos como titular: suas odds de 19.00 são surpreendentes, em especial logo após o título.
Lamar Jackson | Josh Allen | Joe Burrow | Patrick Mahomes |
Muito cuidado no lado ofensivo
É claro que a última temporada de Saquon Barkley foi espetacular e por isso em nada espanta o fato dele começar o ano como favorito ao prêmio de jogador ofensivo do ano. Entretanto, é preciso ter um pouco de calma: foram mais de 430 carregadas ao todo, maior marca do século quando se soma temporada regular e pós-temporada, o que pode deixar mais propenso a lesões. Outro dado que joga contra Barkley é que nenhum corredor teve sequer 1500 jardas corridas no ano seguinte a bater 2000, seu caso em 2024.
Quem merece atenção entre os running backs é Bijan Robinson, do Atlanta Falcons. Chegando em seu terceiro ano como profissional, ele parece estar atingindo a maturidade técnica necessária para ser uma estrela. Em 2024, o camisa 7 foi o terceiro em jardas e o quarto em jardas totais, aquelas que somam corridas e recebidas. Com Michael Penix Jr. se tornando o quarterback titular dos Falcons, é provável que seu time tenha um jogo aéreo mais vertical, o que deve abrir espaços para que ele corra ainda melhor, deixando as odds de 16.00 para vencer o prêmio muito interessantes.
É interessante notar como os votantes nos prêmios basicamente tornaram o prêmio quase um “melhor não-quarterback da temporada”: de 2019 para cá, nenhum passador ganhou o troféu, sendo Patrick Mahomes o último de sua posição a levantar a taça. Neste intervalo, foram três running backs e três wide receivers consagrados, mostrando que tight ends também não têm vez: o jogador mais bem cotado da posição é Brock Bowers, com odds de 51.00 para vencer, fora dos 20 favoritos.
Entre os wide receivers, dois nomes sempre merecem destaque: Ja’Marr Chase (Cincinnati Bengals) e Justin Jefferson (Minnesota Vikings). O primeiro conseguiu a tríplice coroa em 2024, liderando a liga em recepções, jardas e touchdowns recebidos. O único outro nome a conseguir o mesmo feito no século sem empatar em nenhum quesito foi Cooper Kupp em 2021, coisa que não aconteceu com Chase e pode o fazer vir ainda mais mordido.
Já Jefferson é um dos mais técnicos jogadores e as odds de 16.00 podem causar estranheza, mas é preciso trazer contexto: ele terá um quarterback novo, que não tem sequer um snap na NFL. J.J. McCarthy perdeu seu ano de calouro lesionado e por mais que a perspectiva seja boa, também é plausível prever alguma dificuldade de adaptação, o que pode prejudicar os números de “Jettas”.
Saquon Barkley | Ja'marr Chase | Jahmyr Gibbs | Derrick Henry | Bijan Robinson |
Tackles não importam
Para vencer o prêmio de defensor do ano, você tem que ser um tormento para os quarterbacks. Não entendeu? Explico: os últimos onze vencedores são jogadores de linha defensiva – todos com bons números de sacks – ou cornerbacks – com interceptações no currículo. Grandes números de tackles? Ninguém liga, essa é a verdade. Ruim para estrelas de outras posições como Kyle Hamilton e Fred Warner, com odds de 41.00 e 51.00 respectivamente, denotando que precisariam ser espetaculares para terem chances.
Tal qual entre os quarterback, quando se fala de pass rushers, quatro nomes sempre são os mais citados para vencer os prêmios. Três deles seguem entre os favoritos: Myles Garrett, T.J. Watt – de contrato renovado com o Pittsburgh Steelers, onde se tornou o não-QB mais bem pago da NFL – e Micah Parsons figuram entre os favoritos. Contudo, para a surpresa de alguns, Nick Bosa não.
O camisa 97, vencedor do prêmio em 2022, conviveu com pequenas lesões na temporada passada, tendo menos de 10 sacks pela primeira vez desde 2021, o que impacta: suas odds de 15.00 são incomuns para um jogador de sua qualidade
Não deixa de ser curioso o fato de um dos favoritos ter jogado apenas cinco partidas em 2024: Aidan Hutchinson liderava a liga com 7,5 sacks até se lesionar e fazer muita falta para o Detroit Lions no restante do ano. Quer mais um dado interessante? Hutchinson foi o trigésimo em pressões, mesmo tendo jogado menos de um terço das partidas. Isso justifica a animação com o jovem dos Lions, que tem odds de 8.50 para ganhar o prêmio.
Fora dos nomes da linha defensiva, o primeiro a aparecer é de Patrick Surtain, atual detentor do prêmio. O cornerback do Denver Broncos teve uma temporada espetacular, mas é apenas o décimo na tábua de favoritos. Joga contra ele o fato de nenhum jogador de sua posição ter conseguido vencer o prêmio por duas vezes na história: lendas como Charles Woodson tentaram o feito e não tiveram sucesso.
Myles Garrett | Micah Parsons | Aidan Hutchinson | T.J. Watt |
O que esperar dos “novinhos”?
Os prêmios de calouros são sempre difíceis de projetar na NFL: por mais que um jovem tenha talento, nunca é certeza de como irá desempenhar no nível profissional. Além disso, a transição nem sempre é suave, com alguns nomes só conseguindo mostrar o que sabem com o passar dos anos.
Olhando para o histórico recente do prêmio de calouro ofensivo, notamos que quarterbacks têm boa chance quando conseguem ter performances acima da média: foram cinco vencedores nas dez últimas temporadas. Olhando por esse prisma, é interessante notar a primeira escolha geral do último Draft: Cam Ward, selecionado pelo Tennessee Titans, é o segundo mais bem cotado nas casas de apostas em operação no Brasil. O único outro jogador da posição que aparece entre os 10 primeiros é Tyler Shough, que terá que lidar com um enfraquecido New Orleans Saints.
Mesmo sem ter um jogador levando o prêmio desde que Saquon Barkley em 2018, os running backs dominam o top-10 dos candidatos: são cinco corredores entre os mais bem cotados. O favoritismo vai para Ashton Jeanty, do Las Vegas Raiders, que encantou a todos com 2600 jardas e incríveis 29 touchdowns em seu último ano de college football.
Neste ano, temos uma particularidade nunca vista: um novato é candidato ao prêmio nos dois lados da bola. Sim, Travis Hunter tem odds para vencer no ataque (9.00) quanto na defesa (11.00). Todavia, a NFL não é o college football e é muito complicado acreditar que ele jogará em tempo integral nas duas unidades. Sem saber qual será sua carga em cada uma, se torna uma aposta arriscada, independente do talento.
O grande favorito na defesa é Abdul Carter, selecionado pelo New York Giants: dono de enorme capacidade de sacar o quarterback, ele terá companhia do nível de Brian Burns e Dexter Lawrence, o que deve fazer com que fique em boas condições contra bloqueios individuais, sem muitas dobras.
Reerguer é importante
Evoluir um time é papel fundamental para qualquer treinador e quem elege o melhor do ano na NFL tem levado isso em conta: oito dos últimos dez vencedores vieram de times que no anterior tinham tido campanha negativa. Sendo assim, não é de espantar quando olhamos os cinco principais candidatos e vemos que todos eles são de equipes com menos de seis vitórias em 2024.
Dois nomes despontam, empatados no favoritismo em diversas casas de apostas. Mike Vrabel, vencedor do prêmio em 2021 dirigindo o Tennessee Titans, agora terá a missão de consolidar Drake Maye como quarterback do New England Patriots e tentar colocar a franquia nos eixos, já que o primeiro ano pós Bill Belichick foi fracassado, resultando na demissão de Jerod Mayo.
O outro é o badalado Ben Johnson. Após três temporadas como coordenador ofensivo do Detroit Lions – onde o time sempre foi top-5 em pontos anotados -, ele chega para transformar o potencial de Caleb Williams e uma unidade cheia de talentos em realidade.
Também é interessante ver como Liam Coen está bem cotado: com odds de 11.00, ele é o terceiro na disputa. Agora comandando o Jacksonville Jaguars, seu trabalho como coordenador ofensivo do Tampa Bay Buccaneers o respalda como uma mente ofensiva que pode ajudar Trevor Lawrence como fez com Baker Mayfield: o ataque dos Bucs foi o quarto em pontos em 2024 e ficou entre os cinco que mais conseguiu jardas tanto corridas quanto passadas.
Quem dará a volta por cima?
Todo ano a NFL premia algum jogador que vem de adversidade, seja por momento ruim em campo ou por retornar de lesão: é o Comeback Player of The Year. É curioso que Aidan Hutchinson está entre os favoritos ao prêmio de defensor do ano e também é o segundo mais bem cotado para o comeback. Vale ressaltar que nunca na história um jogador venceu este prêmio e mais algum outro.
Outros nomes famosos que merecem destaque são Dak Prescott e Christian McCaffrey, os dois vindos de lesão em 2024. O quarterback dos Cowboys recebeu reforços no corpo de recebedores, com a chegada de George Pickens, e também na proteção, já que seu time selecionou o guard Tyler Booker na primeira rodada do Draft. CMC volta de problemas nos seus tendões de aquiles, mas deve ter uma carga alta no San Francisco 49ers, que lida com problemas de lesões e greves no grupo de wide receivers.
Ainda cabe uma boa olhada na situação de Trevor Lawrence. O camisa 17 dos Jaguars nunca atingiu o potencial que mostrava nos tempos universitários, mas terá agora o comando do já citado Liam Coen. Como se não bastasse, Brian Thomas Jr. brilhou em sua temporada de calouro e agora terá a companhia de Travis Hunter e Dyami Brown, o que pode trazer octanagem para unidade.
É claro que são muitas variáveis, inclusive coletivas, que envolvem os prêmios individuais da NFL. No entanto, é sempre importante olhar o histórico ao fazer projeções: a NFL é uma liga de tendências e isso não deve ser muito diferente em 2025.
