A posição de quarterback dos Browns é a grande incógnita para 2025. Com Deshaun Watson em declínio, a franquia aposta em veteranos como Joe Flacco e Kenny Pickett, além de calouros como Shedeur Sanders, em busca de estabilidade.
Se tem uma equipe que ninguém vê com otimismo para 2025 é o Cleveland Browns. Não é para menos: basta olhar para o trágico 2024 e você verá que não existem tantos motivos para sorrir. Com apenas 3 vitórias, o time teve a segunda pior campanha da NFL e viu o projeto Deshaun Watson dar o último suspiro, com o camisa 4 rompendo o tendão de Aquiles e saindo vaiado em casa.
Dee Haslam, dono da franquia, disse com todas as letras: “Erramos. Tentamos um big swing, mas não deu certo”. A descrença num retorno de Watson é tão grande que ele só aparece na lista de prêmios no Comeback Player, aquele dado para quem dá a volta por cima após fracassos no passado.
Para entender o nível da descrença, basta olhar as odds para vencer a AFC North: enquanto os Browns têm odds de 31.00 para vencer a divisão, nenhuma outra equipe tem odds maiores que 6. Sim, você não leu errado: são quatro vezes mais que o Pittsburgh Steelers, que sequer tem um quarterback titular definido. Ganhar o Super Bowl parece algo tão improvável quanto achar uma agulha num palheiro: a equipe tem odds de apenas 201.00 para ser campeão segundo as melhores casas de apostas do Brasil.
Baltimore Ravens | Cincinnati Bengals | Pittsburgh Steelers | Cleveland Browns |
Quem será o quarterback?
Já que Watson não deu certo, a estratégia foi contratar em grande escala. Tudo bem que a qualidade dos recém-chegados não é um primor, mas os dardos foram atirados pelo general manager Andrew Berry: dois veteranos vieram no mercado e dois calouros foram selecionados no Draft. A ideia principal é colocar todos no training camp para competir e dar ao treinador Kevin Stefanski a oportunidade de entender o que pode extrair de melhor para minimizar os problemas do elenco.
Contudo, um nome desponta como favorito a começar atrás do center na semana 1: o veteraníssimo Joe Flacco. Após chegar durante a temporada de 2023 e ajudar os Browns a chegarem aos playoffs, Flacco não teve seu contrato renovado, o que foi motivo de críticas de parte da imprensa local. Agora, ele retorna e deve ser aquele titular sólido, que tenta estabilizar o lado ofensivo, mesmo sem tanto brilhantismo.
Vale lembrar que na já citada temporada de 2023 a performance de Joe Flacco surpreendeu tanto, que catapultou Kevin Stefanski para vencer seu segundo prêmio de treinador do ano. Sob o comando do camisa 15, os Browns venceram mais de 70% dos jogos na reta final e foram para a pós-temporada. Será que a parceria pode levar o treinador dos Browns a uma hoje impensável – as odds são de 50, a quarta menor probabilidade da NFL – terceira honraria? Em tempo: se Stefanski conseguir tamanho feito, se igualará a ninguém menos que Bill Belichick. Nada mal estar na mesma lista que o maior de todos os tempos na função, né?
Ben Johnson (Bears) | Mike Vrabel (Patriots) | Liam Coen (Jaguars) | Kevin Stefanski (Browns) |
O outro veterano veio via troca e trata-se de Kenny Pickett, escolha de primeira rodada do Pittsburgh Steelers no Draft de 2022. Contudo, a fase não anda boa para Pickett, que está no terceiro time já na carreira. Após ser campeão como reserva no Philadelphia Eagles – que é novamente favorito para vencer o Super Bowl nas apostas esportivas -, ele foi trocado por uma escolha de terceiro dia e o quarterback Dorian Thompson-Robinson e tem poucas chances de ser o titular.
Um fato curioso é a foto que viralizou na última semana, comparando as mãos de Pickett e Flacco. O primeiro, conhecido por ter as mãos pequenas, contrasta com Flacco segurando a bola com facilidade: uma polegada de diferença é muita coisa na NFL.
football things are happening pic.twitter.com/3eDK667dE6
— Cleveland Browns (@Browns) May 7, 2025
Calouros temos, futuro não sabemos
Outra possibilidade para Stefanski é confiar em um novato para trazer um fator novo para equipe, algo que ninguém espera. O primeiro quarterback que o time selecionou no último Draft foi Dillon Gabriel, vindo da universidade de Oregon. Selecionado na terceira rodada, na pick 94, Gabriel é um passador experiente e que ficou no college football por seis anos, se tornando o recordista da NCAA em passes para touchdowns, com 155. Todavia, não é nele que o torcedor deposita sua esperança e sim em outro calouro.
Shedeur Sanders chegou a ser cotado para ser a segunda escolha geral – pick originalmente do Cleveland Browns, trocada para o Jacksonville Jaguars, que selecionou Travis Hunter, forte candidato ao prêmio de calouro defensivo segundo a Novibet -, mas teve uma queda assombrosa, se tornando a maior história do Draft de 2025. O filho de Deion Sanders só foi selecionado pelos Browns na quinta rodada, depois de 143 nomes terem sido chamados.
A que se deve essa queda? Poucos tem a resposta, mas a versão que faz mais sentido é que os times nunca tiveram nota de primeira rodada para Sanders. Some isso a entrevistas ruins no Combine – vários repórteres disseram que ele chegou mal preparado e foi arrogante – e o medo do circo da família Sanders: está pronta a receita da queda.
No entanto, dá para dizer que mesmo sendo escolhido no dia 3, Shedeur caiu num dos times em que mais pode competir por uma vaga em campo. Já pensaram se ele tivesse sido escolhido por um Washington Commanders ou Baltimore Ravens? Seu destino seria ser reserva e dificilmente ele estaria cotado para o prêmio de calouro ofensivo do ano, como é o caso.
Mesmo sem nenhuma certeza que Sanders será o titular na semana 1 ou sequer que verá o campo em algum momento, o jovem vindo da universidade do Colorado é o décimo mais bem cotado para honraria, com odds de 29.00. Apenas para deixar o contexto mais claro, sua cotação é melhor que as de Tyler Warren e Emeka Egbuka, selecionados na primeira rodada e que no momento têm odds de 30.00.
Cameron Ward | Ashton Jeanty | Travis Hunter | Shadeur Sanders |
O grande ponto em torno de Sanders é que ele pode trazer algo em falta nos Browns nesse momento: esperança. Sempre que se tem um jovem quarterback aportando, os olhos da liga e da torcida mudam, criando um otimismo, algo bem diferente do cenário atual: hoje a Novibet paga 2,20 se o time vencer mais de 5 jogos e 9 se Cleveland chegar na pós-temporada.
A estrela solitária ganhou companhia
Não, eu não vou falar do Botafogo e nem do Dallas Cowboys. Quando me refiro a estrela solitária, estou falando de Myles Garrett. Após uma instabilidade com a franquia, em que o camisa 95 chegou a pedir troca, mas o conforto chegou daquela forma que todo jogador gosta: uma extensão contratual com média de 40 milhões de dólares, tornando Garrett o defensor mais bem pago da liga.
Agora, a expectativa é que ele repita em 2025 o que fez dois anos atrás: vencer o prêmio de defensor da temporada, para qual é favorito no momento. Para se entender como Garrett é um jogador especial, basta pegar a linha de sacks projetada pela Bet365: 14,5. Nos dois últimos anos, o defensor bateu na trave deste número, chegando a 14. Contudo, vale lembrar que em 2022 e 21, ele superou o número, atingindo 16 derrubadas no quarterback por ano.
Myles Garrett | Micah Parsons | T.J. Watt | Maxx Crosby |
Algo que pode ajudar Garrett é que desta vez, outra preocupação deve dividir a atenção dos bloqueadores adversários: o calouro Mason Graham foi selecionado na quinta escolha geral, logo após a já citada troca com o Jacksonville Jaguars. Vindo da renomada universidade de Michigan, ele joga pelo miolo da linha defensiva e pode ajudar Garrett a ficar mais em situações de um contra um na ponta.
Graham inclusive está bem cotado na corrida pelo prêmio de defensor novato do ano, sendo o sexto na lista de favoritos: com odds de 15.00, ele espera trazer o prêmio para um jogador de miolo da DL, algo que não acontece desde 2014. Entretanto, se conseguir o feito, ele repetirá ninguém menos que Aaron Donald, um dos maiores defensores da história e que começou a construir sua história vencendo este troféu.
São muitos “se” em torno do Cleveland Browns. É evidente que o cenário atual não é otimista e nem teria como ser: ninguém que vem de apenas 3 vitórias no ano anterior e vê seu quarterback ser a maior decepção dos últimos anos tem motivos para ser taxado como uma força.
Porém, Stefanski e sua comissão técnica já fizeram grandes trabalhos em anos anteriores, contrariando prognósticos, como em 2020. Naquele ano, a estimativa era de 8 vitórias: o time venceu 11 e ainda bateu o Pittsburgh Steelers na casa do rival no wild card dos playoffs.
É nisso que o torcedor se agarra para nova temporada. Afinal de contas, a NFL é a liga das surpresas: quem esperava ver o Washington Commanders na final da NFC em 2024, eliminando o Detroit Lions?
Bastam alguns “se” acontecerem e Cleveland pode sonhar. Mesmo que não consiga ir aos playoffs, a ideia é sair.
Entretanto, se tudo der errado e nenhum quarterback servir, ainda resta algo a se agarrar: selecionar um novo nome para posição, numa classe que promete ser recheada no Draft de 2026. O favorito? Arch Manning, da família real dos Manning. O sobrinho dos vencedores Peyton e Eli será titular na universidade do Texas e é amplamente badalado. Como visto, sempre existe algo em que se agarrar na NFL e o torcedor dos Browns precisa apenas lembrar disso.
